segunda-feira, 22 de setembro de 2008

conto

a loura anunciada
morava na beira do mar e vivia pintando. não que naquele momento vivesse exatamente de pintura, mas pintava porque o seu movimento de corpo exigia. vivia do sonho de que viveria de pintura e bebia muita água. tinha um sala ampla com um piano de calda, onde, para chegar aos vazios, dedilhava uma música ou outra acompanhando o som do triunvirat. ouvia sempre as mesmas músicas para variar quando pincelava. nunca entendia as letras, mas isso não era importante. O ritmo é que embalava a pintura. por vezes misturava com mozart, vivaldi e bach. estava sòzinho. a campainha soou e ele abriu a porta para o tarólogo esperado, que sentou, abriu as cartas e sentenciou a sua vida amorosa: “você vai voltar para paris com uma perspectiva de sucesso não sei em que, mas com uma mulher loura de olhos verdes. você vai conhecê-la numa festa e será um amor a primeira vista”.
26 de dezembro de 1992