segunda-feira, 19 de maio de 2008

conto

Te conheci e achei que te conhecia. Ledo engano. Você estudava fotografia comigo. Depois, de cabelos vermelhos, beijava o homem aranha de cabeça para baixo. Comprei dos seus cabelos castanhos o anel que tenho no dedo. Era um período em que não só meus dedos estavam nus. Todo estava. Não hesitei. Não sei se pelo dourado do ouro ou por você, naquela época, estar incompleta. Completei. Hoje, de perto, vejo que seus cabelos são escuros, quase negros e brilham contrastando com a sua pele leitosa, tranqüila: uma boa combinação pictórica. Não me confundi de todo. Já vi você como campeã de tênis, amando um ator. Mas seus cabelos eram loiros? Seus dentes são lindos. Me lembrava deles sempre desencontrados e me mantive distante. Não tinha outra solução. Agora ima, rima, anima... Descubro que você é macaco e vive cercada de quatro “gatos”. Me entristece e alegra. Fotografias de uma paris imaginária, tripés e câmeras, varanda e sorvete de abacaxi, que descasco o enigma, mistura fritas com biscoito doce, suco de uva e muita água. Aguado e mudo, mudo o roteiro e vou direto para o zen. Você me faz bem.
13 de aquário de 2008